
📬 Os Correios e o Fim da Carta: Por que Chegou a Hora de Privatizar com Inteligência
- Carlos Honorato Teixeira

- 17 de out.
- 3 min de leitura
Por Carlos Honorato
Economista, professor da FIA e especialista em Cenários Futuros
💥 A Crise de uma Gigante Estatal
Os Correios estão à beira do colapso.
No primeiro semestre de 2025, a empresa registrou prejuízo recorde de R$ 4,37 bilhões — três vezes maior que o do mesmo período de 2024.
A receita caiu 11%, as despesas administrativas saltaram 74%, e as financeiras, 117%.
A culpa? Uma mistura tóxica de falta de adaptação tecnológica, custos com pessoal e interferência política crônica.
O que antes era orgulho nacional virou um símbolo da paralisia estatal.
Enquanto o mundo discute drones, logística autônoma e IA aplicada a rotas, os Correios ainda brigam com o Excel e com contratos de aluguel de imóveis ociosos.
📉 Dez Anos de Gangorra Financeira
Entre 2015 e 2024, o balanço dos Correios mais parece um eletrocardiograma de paciente em colapso:



A estatal sobrevive hoje com empréstimos de emergência, venda de ativos e um plano de reestruturação até 2029 que promete tudo — de sustentabilidade a marketplace — mas entrega pouco.
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⚙️ O Plano de Sobrevivência
Em outubro de 2025, o governo anunciou um pacote de medidas:
• PDV ampliado (para até 20 mil funcionários);
• Venda de imóveis e ativos ociosos;
• Renegociação de fornecedores;
• Empréstimo de R$ 20 bilhões garantido pelo Tesouro;
• E uma suposta diversificação para serviços digitais.
Na prática, é o mesmo roteiro de sempre: mais dívida, menos eficiência.
Não há plano consistente de transformação tecnológica, nem governança blindada contra ingerência política.
O risco? Transformar o Tesouro em fiador da ineficiência.
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🚨 As Duas Estradas à Frente
1. Privatizar com Método
Privatizar não é vender por vender.
É organizar o processo, definir metas de qualidade, proteger o cidadão e introduzir meritocracia e transparência.
O modelo ideal segue exemplos internacionais como a Royal Mail (Reino Unido):
• O Estado mantém ação minoritária e poder de veto sobre o serviço universal;
• Cria-se um fundo público de compensação para rotas não lucrativas (Amazônia, Sertão, interior profundo);
• E uma agência independente fiscaliza prazos, tarifas e cobertura.
O resultado esperado?
Mais investimento, digitalização, parcerias com o setor privado e competição que beneficia o consumidor.
A Royal Mail, que antes dava prejuízo crônico, hoje é rentável, digital e global.
2. Salvar Como Estatal
A alternativa é o plano paliativo:
tomar os R$ 20 bilhões do Tesouro, cortar custos, apostar em “modernização digital” e manter o status de estatal.
Mas é um modelo insustentável — dependente de aportes públicos, travado por política e avesso à inovação.
Na prática, significa prolongar a agonia com dinheiro do contribuinte.
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⚖️ O Dilema Social e Econômico
Os críticos da privatização temem aumento de preços e abandono das regiões remotas.
São preocupações legítimas — mas resolvíveis.
O Estado pode regular tarifas, exigir metas de entrega universal e subsidiar rotas deficitárias com transparência.
A pergunta central não é “quem entrega a carta”, mas quem paga a conta.
Hoje, o brasileiro já paga — via impostos — para sustentar uma estrutura obsoleta e politizada.
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💬 Conclusão: O Brasil Precisa de um Novo CEP
O Brasil precisa decidir se quer um serviço postal do século XXI ou uma peça de museu subsidiada.
Os Correios foram essenciais em outro tempo.
Hoje, tornaram-se o retrato de uma estatal sem bússola — presa entre burocracia, sindicalismo político e nostalgia institucional.
A privatização não é ideológica.
É técnica, inevitável e tardia.
Privatizar os Correios não é vender o Brasil.
É libertar o Brasil de um modelo que já não entrega.
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🧭 Proposta de Caminho
1. Estruturação técnica com valuation real e auditoria independente;
2. Divisão operacional (postal, logística, digital) para venda modular;
3. Transição regulatória com metas de serviço mínimo e fundo de compensação;
4. Governança híbrida (Estado + investidores) nos primeiros cinco anos;
5. Participação pública via mercado — o brasileiro podendo ser acionista, não refém.
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📎 Epílogo
O Brasil precisa entender que a ineficiência estatal não é proteção social — é custo invisível.
E custo invisível é o mais cruel dos impostos.
É hora de os Correios finalmente entregarem algo ao país: eficiência.

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