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GOLD RUSH – Ouro não sobe: o dólar é que cai

A corrida não para

Há mais de um século, o ouro é o termômetro silencioso da economia mundial. Ele não grita, não faz lobby, não promete nada. Apenas observa. E, ao observar, expõe — com brutal clareza — o declínio do dinheiro moderno.

Coloque o gráfico de longo prazo do ouro na sua frente. De 1920 até hoje, o metal “subiu” cerca de 15.000%. Uma valorização de 160 vezes. Mas isso é uma falácia. O ouro não subiu. O que despencou foi o poder de compra das moedas.


O ouro parado e o dólar em queda livre


Uma onça de ouro hoje compra o mesmo terno de um bom alfaiate que comprava há dois mil anos. Isso quer dizer que o ouro, em essência, não se valoriza — ele preserva valor. O que muda é o quanto de papel precisamos para comprá-lo.

O gráfico que parece exibir o ouro em alta, na verdade, deveria estar de cabeça para baixo. Porque ele retrata o colapso contínuo do dólar — e, por consequência, de todas as moedas fiduciárias.

O que vemos é o mesmo padrão que se repete há 5.000 anos: toda moeda vai a zero. A diferença é que, nesta era, a velocidade da destruição é digital.


O fim do lastro e o início do colapso


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Até 1933, os Estados Unidos tinham um padrão-ouro. Um dólar correspondia a uma fração fixa de ouro físico. Mas, ao longo da Grande Depressão, o governo desvalorizou a moeda — e revalorizou o ouro. De US$ 21 passou para US$ 35 por onça.

Em 1971, Richard Nixon rompeu de vez o vínculo. O dólar deixou de ter lastro em ouro e passou a se sustentar apenas em fé — fé no governo americano e na sua promessa de pagamento.

De lá para cá, o dólar perdeu 99% de seu valor em relação ao ouro. Falta só 1% para chegar a zero — o mesmo destino que todas as moedas fiduciárias já tiveram.


Do padrão-ouro ao padrão-dívida


O que nasceu em 1971 foi um novo regime monetário: o padrão-dívida. Um sistema em que a riqueza é criada não pela produção, mas pela emissão de crédito. Desde então, o mundo passou a crescer à base de endividamento.

Richard Nixon
Richard Nixon

Governos imprimem, bancos multiplicam, consumidores financiam. Tudo parece funcionar — até que o ciclo se inverte.

Hoje, com dívidas recordes, déficits estruturais e uma economia mundial sustentada por liquidez artificial, o colapso não é uma possibilidade remota. É uma necessidade matemática.


Os ciclos dourados: dois séculos de euforia e correção


O relatório recente do Bank of America (“Two hundred years of golden booms and busts”) mostra que o ouro segue um padrão histórico cíclico: longos períodos de estagnação seguidos por explosões de valorização.

Desde 1825, observamos ondas que se repetem:

  • +156% durante a febre do ouro do século XIX

  • +454% no pós-Segunda Guerra

  • +428% na crise dos anos 70

  • +285% nos anos 2000

  • +278% desde o fundo de 2015

Cada ciclo marca um mesmo fenômeno: o colapso relativo do dinheiro em papel frente ao dinheiro real da natureza.


A era das moedas em colapso


Depois que os Estados Unidos e a Europa congelaram os ativos russos em 2022, uma mudança silenciosa começou no sistema monetário global.Os bancos centrais entenderam o recado: reservas em dólar podem ser confiscadas.

Desde então, vem ocorrendo uma migração lenta e constante — das reservas em dólares para reservas em ouro.


Nos anos 1990, Reino Unido, Suíça, Canadá e Noruega venderam quase todo o seu ouro, justamente no fundo do ciclo. Agora, os países do BRICS e do Oriente estão comprando tudo que podem.

O motivo é simples: o ouro não pode ser congelado por sanções

.

Do papel para o real


Hoje, apenas 0,5% dos ativos financeiros globais estão em ouro.Os bancos centrais, juntos, possuem cerca de 36.000 toneladas — equivalentes a US$ 3,8 trilhões. Curiosamente, o mesmo valor de mercado de uma única empresa americana: a Microsoft.

Essa comparação é simbólica: mostra o abismo entre o mundo dos ativos reais e o dos ativos inflados por liquidez e especulação.


Dolar x Ouro
Dolar x Ouro

O gráfico da relação Dow Jones / Ouro, reforça essa tese: sempre que a relação atinge picos, o sistema financeiro entra em crise.A previsão atual é que o índice volte para uma razão inferior a 1:1, o que significaria, por exemplo, Dow Jones a 10.000 pontos e ouro a US$ 20.000 — ou Dow Jones a 25.000 e ouro a US$ 50.000.

Não é o ouro subindo. É o sistema financeiro implodindo.


O ouro como verdade incômoda


O ouro não é um investimento — é um seguro contra a insanidade dos governos.Não promete dividendos, não rende juros, não depende de política monetária.É apenas o que é: valor intrínseco, escasso, universal e imune a promessas quebradas.

Como disse Voltaire em 1728, “o dinheiro de papel sempre retorna ao seu valor intrínseco: zero.”

O ouro, ao contrário, é o único ativo que atravessou impérios, guerras, hiperinflacionamentos e resetes monetários — e permanece o mesmo.


A transição que já começou


Estamos vivendo o início de um novo Gold Rush.Não aquele das minas da Califórnia, mas o da consciência.Enquanto o público olha para os gráficos de ações e criptomoedas, os bancos centrais do mundo estão reconstruindo silenciosamente o lastro da próxima era.

O futuro pode não ser dourado — mas será medido em ouro. Ouro não sobe.O ouro apenas mostra o quanto o dinheiro caiu.E, quando o dinheiro cai, quem entende o valor real da escassez não busca lucro — busca sobrevivência.


 
 
 

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