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A Nova Geopolítica e o Papel do Brasil no Mundo: Insights do Seminário FIESP 2025 e Implicações para o Agronegócio Brasileiro

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Em 4 de setembro de 2025, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) sediou o seminário estratégico "A Nova Geopolítica e o Papel do Brasil no Mundo", reunindo embaixadores, almirantes, jornalistas e especialistas para debater transformações globais nas relações diplomáticas, comércio e segurança. O evento, transmitido ao vivo no YouTube e com mais de 1.800 visualizações em poucos dias, destacou ameaças e oportunidades para o Brasil em um cenário de fragmentação internacional. Baseado em um post recente no LinkedIn que resume os principais insights, este artigo analisa as discussões, contextualiza com dados atualizados e explora impactos no agronegócio – setor vital para o PIB brasileiro, especialmente com as projeções para a safra 2025/26 afetadas por fenômenos como La Niña. Se você é produtor, investidor ou líder no agro, esses debates apontam caminhos para navegar riscos globais.


Disputa Global: China vs. EUA e a Ascensão da Índia


O embaixador Andrea Matarazzo abriu o debate com dados impressionantes: nos últimos 50 anos, a economia chinesa cresceu 273 vezes, enquanto a dos EUA avançou 23 vezes. Hoje, os EUA representam 25% do PIB global, contra 16% da China, mas a rivalidade vai além da economia, abrangendo tecnologia, política e cultura. A Índia ganha relevância, e Matarazzo enfatizou que "quem dominar a IA vai ganhar o jogo".


Esses números alinharam-se com relatórios recentes: em 2024, o PIB chinês cresceu 5%, superando os 2,8% dos EUA, com uma média de 4,7% nos últimos cinco anos. No segundo trimestre de 2025, a China manteve expansão de 5,2%, apesar de tarifas impostas por Trump. Para o agro brasileiro, isso significa dependência: 40% das exportações vão para a China, especialmente soja e milho. O relatório Agro Mensal do Itaú BBA de setembro 2025 projeta produção brasileira de soja em 175 MM t para 2025/26, com demanda chinesa sustentando prêmios, mas alertando para margens pressionadas no esmagamento.


Fragmentação e Policentrismo: Navegando Arranjos Regionais


O embaixador Alexandre Parola descreveu um mundo fragmentado, onde o multilateralismo pós-1945 perde força, dando lugar a blocos regionais com regras próprias. Para o Brasil e suas indústrias, ele propôs seis movimentos estratégicos:

Movimento

Descrição e Implicação para o Agro

1. Diversificar cadeias de suprimentos

Reduzir dependência da China para insumos como fertilizantes, mitigando riscos de tarifas.

2. Investir em inteligência regulatória internacional

Monitorar normas ambientais globais, como as da UE, para exportações de soja e carne.

3. Criar planos de contingência global

Preparar para impactos climáticos, como La Niña, que pode reduzir chuvas no Sul em novembro-dezembro 2025.

4. Construir padrões ambientais próprios

Fortalecer sustentabilidade no agro, alinhando com demandas globais por biodiversidade.

5. Expandir presença internacional

Além de exportar, investir em processamento no exterior para agregar valor a commodities.

6. Processar produtos primários

Transformar soja em óleo e farelo localmente, como sugere o Itaú BBA, apesar de margens ruins no Brasil.

Essas recomendações ecoam o relatório Itaú: com La Niña influenciando o clima a partir da primavera, o Centro-Oeste pode ter chuvas antecipadas para plantio de soja, mas riscos de seca no Sul demandam contingências. A OMM aponta 60% de chance de La Niña até o fim de 2025, mantendo temperaturas acima da média global.


Segurança Global: Mudanças Climáticas, Guerras Híbridas e Recursos Naturais


O almirante Leal Ferreira alertou para mudanças climáticas, rotas marítimas e guerras híbridas (ciberataques, desinformação) moldando a segurança. O Brasil, com riqueza em energia, água e território, tem papel singular, mas atrai riscos – tornando esses recursos uma "fortaleza estratégica". Ele defendeu investimentos em Defesa Nacional.

No agro, isso se conecta diretamente: La Niña pode alterar padrões de chuva, afetando safras de milho (projetada em 137 MM t para 2024/25 pelo Itaú), e guerras híbridas ameaçam cadeias logísticas. Ferreira enfatizou transformar vulnerabilidades em forças, alinhando com a expansão de processamento para reduzir exportações de commodities brutas.


Análises Econômicas e Políticas: Decadência dos EUA e Estratégia Chinesa


O jornalista Lourival Sant’Anna analisou a decadência fiscal dos EUA, a consolidação do mercado interno chinês e tensões em Washington. Otaviano Canuto reforçou que o modelo chinês, baseado em poupança forçada, chega ao limite, com transição para consumo doméstico. Yi Shin Tang destacou o legado de Trump, com estruturas que perduram mesmo com democratas no poder.


Para 2025, isso impacta tarifas: Trump impôs até 245% em produtos chineses, mas a China cresceu acima do esperado no início do ano. No Brasil, dependência da China (50% das exportações para Ásia) exige diversificação, como sugere Parola.


O Tema Ácido: Expansão do Crime Organizado Transnacional


O debate mais incisivo foi sobre o Primeiro Comando da Capital (PCC), que fatura US$ 2 bilhões anuais e é alvo de Trump. Em 2025, investigações revelam PCC controlando 40 fundos de investimento com patrimônio de R$ 30 bilhões, financiando terminais portuários e usinas de álcool. Trump classificou PCC e CV como terroristas, impondo restrições financeiras e sugerindo cooperação com o Brasil. No agro, isso afeta logística: PCC lavava dinheiro em combustíveis, setor chave para transporte de grãos.


Paradoxo Brasileiro e Chamada para Ação


O post conclui com um paradoxo: o Brasil tem território, água, energia e biodiversidade que o mundo precisa, mas enfrenta pressões geopolíticas, crime organizado e risco de ser mero fornecedor de commodities. A questão é: reagir ou liderar? Sem um projeto nacional, o setor privado deve buscar negociações globais.


No agronegócio, isso significa adotar os seis movimentos de Parola, monitorando La Niña e diversificando mercados. O relatório Itaú BBA de setembro 2025 reforça: soja com plantio antecipado, mas preços pressionados; milho com oferta elevada. Para mais insights, assista ao seminário completo no YouTube.


O que você acha? O Brasil deve priorizar processamento de commodities para ganhar poder geopolítico? Compartilhe nos comentários!


 
 
 

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