A Nova Geopolítica e o Papel do Brasil no Mundo: Insights do Seminário FIESP 2025 e Implicações para o Agronegócio Brasileiro
- Carlos Honorato Teixeira

- 11 de set.
- 4 min de leitura

Em 4 de setembro de 2025, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) sediou o seminário estratégico "A Nova Geopolítica e o Papel do Brasil no Mundo", reunindo embaixadores, almirantes, jornalistas e especialistas para debater transformações globais nas relações diplomáticas, comércio e segurança. O evento, transmitido ao vivo no YouTube e com mais de 1.800 visualizações em poucos dias, destacou ameaças e oportunidades para o Brasil em um cenário de fragmentação internacional. Baseado em um post recente no LinkedIn que resume os principais insights, este artigo analisa as discussões, contextualiza com dados atualizados e explora impactos no agronegócio – setor vital para o PIB brasileiro, especialmente com as projeções para a safra 2025/26 afetadas por fenômenos como La Niña. Se você é produtor, investidor ou líder no agro, esses debates apontam caminhos para navegar riscos globais.
Disputa Global: China vs. EUA e a Ascensão da Índia
O embaixador Andrea Matarazzo abriu o debate com dados impressionantes: nos últimos 50 anos, a economia chinesa cresceu 273 vezes, enquanto a dos EUA avançou 23 vezes. Hoje, os EUA representam 25% do PIB global, contra 16% da China, mas a rivalidade vai além da economia, abrangendo tecnologia, política e cultura. A Índia ganha relevância, e Matarazzo enfatizou que "quem dominar a IA vai ganhar o jogo".
Esses números alinharam-se com relatórios recentes: em 2024, o PIB chinês cresceu 5%, superando os 2,8% dos EUA, com uma média de 4,7% nos últimos cinco anos. No segundo trimestre de 2025, a China manteve expansão de 5,2%, apesar de tarifas impostas por Trump. Para o agro brasileiro, isso significa dependência: 40% das exportações vão para a China, especialmente soja e milho. O relatório Agro Mensal do Itaú BBA de setembro 2025 projeta produção brasileira de soja em 175 MM t para 2025/26, com demanda chinesa sustentando prêmios, mas alertando para margens pressionadas no esmagamento.
Fragmentação e Policentrismo: Navegando Arranjos Regionais
O embaixador Alexandre Parola descreveu um mundo fragmentado, onde o multilateralismo pós-1945 perde força, dando lugar a blocos regionais com regras próprias. Para o Brasil e suas indústrias, ele propôs seis movimentos estratégicos:
Essas recomendações ecoam o relatório Itaú: com La Niña influenciando o clima a partir da primavera, o Centro-Oeste pode ter chuvas antecipadas para plantio de soja, mas riscos de seca no Sul demandam contingências. A OMM aponta 60% de chance de La Niña até o fim de 2025, mantendo temperaturas acima da média global.
Segurança Global: Mudanças Climáticas, Guerras Híbridas e Recursos Naturais
O almirante Leal Ferreira alertou para mudanças climáticas, rotas marítimas e guerras híbridas (ciberataques, desinformação) moldando a segurança. O Brasil, com riqueza em energia, água e território, tem papel singular, mas atrai riscos – tornando esses recursos uma "fortaleza estratégica". Ele defendeu investimentos em Defesa Nacional.
No agro, isso se conecta diretamente: La Niña pode alterar padrões de chuva, afetando safras de milho (projetada em 137 MM t para 2024/25 pelo Itaú), e guerras híbridas ameaçam cadeias logísticas. Ferreira enfatizou transformar vulnerabilidades em forças, alinhando com a expansão de processamento para reduzir exportações de commodities brutas.
Análises Econômicas e Políticas: Decadência dos EUA e Estratégia Chinesa
O jornalista Lourival Sant’Anna analisou a decadência fiscal dos EUA, a consolidação do mercado interno chinês e tensões em Washington. Otaviano Canuto reforçou que o modelo chinês, baseado em poupança forçada, chega ao limite, com transição para consumo doméstico. Yi Shin Tang destacou o legado de Trump, com estruturas que perduram mesmo com democratas no poder.
Para 2025, isso impacta tarifas: Trump impôs até 245% em produtos chineses, mas a China cresceu acima do esperado no início do ano. No Brasil, dependência da China (50% das exportações para Ásia) exige diversificação, como sugere Parola.
O Tema Ácido: Expansão do Crime Organizado Transnacional
O debate mais incisivo foi sobre o Primeiro Comando da Capital (PCC), que fatura US$ 2 bilhões anuais e é alvo de Trump. Em 2025, investigações revelam PCC controlando 40 fundos de investimento com patrimônio de R$ 30 bilhões, financiando terminais portuários e usinas de álcool. Trump classificou PCC e CV como terroristas, impondo restrições financeiras e sugerindo cooperação com o Brasil. No agro, isso afeta logística: PCC lavava dinheiro em combustíveis, setor chave para transporte de grãos.
Paradoxo Brasileiro e Chamada para Ação
O post conclui com um paradoxo: o Brasil tem território, água, energia e biodiversidade que o mundo precisa, mas enfrenta pressões geopolíticas, crime organizado e risco de ser mero fornecedor de commodities. A questão é: reagir ou liderar? Sem um projeto nacional, o setor privado deve buscar negociações globais.
No agronegócio, isso significa adotar os seis movimentos de Parola, monitorando La Niña e diversificando mercados. O relatório Itaú BBA de setembro 2025 reforça: soja com plantio antecipado, mas preços pressionados; milho com oferta elevada. Para mais insights, assista ao seminário completo no YouTube.
O que você acha? O Brasil deve priorizar processamento de commodities para ganhar poder geopolítico? Compartilhe nos comentários!


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