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📉 Lucro em Alta, Reputação em Queda: O Outro Lado dos Números da Hapvida.

Por Carlos Honorato

Economista e especialista em cenários de negócios

o mercado está feliz, já os clientes....
o mercado está feliz, já os clientes....

O J.P. Morgan recomendou a compra das ações da Hapvida, maior operadora de saúde do país. A avaliação se baseia na melhora dos indicadores financeiros da companhia, como a redução da sinistralidade (68,6%), aumento do ticket médio e baixo nível de endividamento.


📈 Quando o J.P. Morgan aponta o bisturi para a Hapvida


A recomendação de compra das ações da Hapvida pelo J.P. Morgan, com preço-alvo de R$ 60 (mais de 60% acima da cotação atual), é mais do que um mero palpite de mercado. É uma sinalização estratégica de como os grandes players de Wall Street estão lendo os desdobramentos do setor de saúde privado no Brasil — e, mais importante, onde estão apostando o seu capital de risco.


🎯 Rentabilidade e sinistralidade sob controle


O relatório cita a queda no índice de sinistralidade — o percentual gasto com atendimentos em relação ao valor pago pelos clientes. Em termos práticos: a Hapvida está conseguindo entregar saúde com menor custo por cliente. Isso é ouro em um setor pressionado por inflação médica, judicialização e envelhecimento populacional.


📉 Mas e o sistema?


Enquanto o banco americano vê margem e performance, é fundamental perguntar: a que custo isso acontece? A pressão sobre prestadores, o engessamento de coberturas e a integração vertical da cadeia (clínicas, hospitais, planos) geram eficiência, sim — mas também concentração de poder e possível precarização. É a medicina baseada em margem.

🩺 Saúde ou Produto Financeiro?Essa é a provocação central. A Hapvida, assim como outras gigantes do setor, já não é apenas uma operadora — é um ativo estratégico. Vira proxy para fundos e bancos apostarem em “saúde como tese de investimento”, e não necessariamente como bem-estar coletivo.


🚨 E o cenário futuro?


  • Cenário otimista: consolidação do setor, eficiência operacional e valorização de ativos. O Brasil envelhece, e os grandes grupos colhem essa curva demográfica.

  • Cenário de risco: judicialização crescente, backlash regulatório (ANS, Cade) e desgaste reputacional pela percepção de “lucro acima da vida”.


💡 Lucro bilionário — a que custo?

A Hapvida divulgou resultados impressionantes: receita líquida de R$ 7,5 bi, Ebitda de R$ 1 bi e desalavancagem. Só que existe um outro lado, menos visível — os sinais de instabilidade na experiência do cliente, acentuados por ações questionáveis nos bastidores.


📊 Resultados Financeiros: números robustos

  • Receita Líquida: R$ 7,5 bi (+7,3% YoY)

  • Lucro Líquido Ajustado: R$ 416 mi (↓15,8%)

  • Ebitda Ajustado: R$ 1,004 bi

  • Dívida Líquida/Ebitda: de 1,06 para 0,98

  • Ticket Médio: R$ 284,4 (+9%)

  • Queda de 70 mil vidas nos planos


Indicam disciplina financeira — mas a que custo?


🏥 Perdão de R$ 866 milhões de dívida com o SUS

Segundo reportagem da revista piauí, a Hapvida acumulava R$ 869 milhões de dívida com o SUS, relacionada a serviços como hemodiálise e cirurgias. A operadora teria judicializado a cobrança da ANS e, em março, por meio do programa “Desenrola Brasil”, obteve o perdão de R$ 866 milhões — valor já reconhecido no balanço de 2024 cn7.com.br+10piaui.folha.uol.com.br+10outraspalavras.net+10pt.linkedin.com.

Um alto servidor da ANS classificou o movimento como “escândalo”: a empresa se livra de dívida bilionária, limpa o balanço e ainda distribui bônus aos executivos — incluindo R$ 67,4 milhões ao presidente piaui.folha.uol.com.br.

Esse tipo de manobra contábil impulsiona os números, mas esconde um fato crucial: os gastos com o SUS foram efetivamente empurrados para o sistema público — e, por tabela, para os cofres do cidadão.


🧭 Reputação em risco: retrato da insatisfação

Dados do Reclame Aqui nos últimos 6 meses:

  • Reclamações: 11.769

  • Nota média: 5,83/10

  • Respostas: 97,3%

  • Problemas resolvidos: 72,7%

  • Clientes que voltariam: 67,3%

  • Tempo médio de resposta: 8 dias e 9 horas

Indicadores que mostram atendimento lento, pouca empatia e baixo índice de fidelização — uma clara falha na equação do cuidado cn7.com.br+2piaui.folha.uol.com.br+2piaui.folha.uol.com.br+2.


⚖️ Disparidade alarmante: lucro versus cuidado


a marca Hapvida
a marca Hapvida

A Hapvida está se beneficiando de:


  1. Aumento no ticket dimensionado pela capacidade financeira do público, não necessariamente aumento de valor percebido.

  2. Redução da rede e cancelamentos, sinalizando economia pela exclusão de sinistrados.

  3. Renúncia de dívida bilionária com suporte do Estado, liberando caixa sem impacto real.

  4. Judicialização massiva, reclassificada como “sinistro” contábil para melhorar margens.


Enquanto isso, o consumidor enfrenta lentidão, insatisfação e sensação de perda de autonomia como usuário.


🔍 Sustentabilidade pede coerência


A Hapvida entregou bons gráficos financeiros — mas sob essa imagem, um modelo pouco sustentável se revela:

  • Uma empresa que cresce em números, mas encolhe em reputação.

  • Operadora que limpa balanço às custas do SUS e do contribuinte.

  • Negócio que lucra, mas fragiliza a confiança dos beneficiários.


Lucro sem reputação é jogo de curto prazo. Saúde sem cuidado é apenas um negócio.


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