Artigo original que sugeriu ideia de BRICs
- Carlos Honorato Teixeira

- 15 de jul.
- 3 min de leitura
Em 2001, o economista Jim O’Neill, do Goldman Sachs, publicou o paper “Building Better Global Economic BRICs”, que se tornaria a fundação conceitual do bloco que viria a ser conhecido como BRICS. A ideia central do estudo era que quatro grandes economias emergentes — Brasil, Rússia, Índia e China — apresentavam características demográficas, macroeconômicas e comerciais que as posicionariam como protagonistas do crescimento global nas décadas seguintes.
O’Neill destacou que, embora esses países tivessem uma participação relativamente modesta no PIB global nominal (cerca de 8% à época), sua influência era subestimada, principalmente quando se considerava o PIB ajustado por paridade de poder de compra (PPP), onde juntos já respondiam por mais de 23% da economia mundial. Com taxas de crescimento superiores às das economias desenvolvidas, a projeção era de que os BRICs ganhariam peso rapidamente e passariam a ter um papel fundamental na dinâmica global.
O estudo dos BRICs não apenas identificava esse potencial de crescimento, mas também propunha que fóruns de governança global — como o G7 — fossem repensados para incluir essas economias emergentes. O autor sugeria que, em vez de continuar centrados em países como Canadá ou Itália, com menor dinamismo, os fóruns internacionais deveriam incluir China, Brasil ou Índia, refletindo a nova geografia econômica do século XXI.
Além disso, o paper sugeria que as empresas e investidores globais repensassem suas estratégias, pois a próxima onda de crescimento e consumo em larga escala viria desses mercados. O Goldman Sachs apontava que, se bem geridas, essas economias poderiam ultrapassar muitas das potências tradicionais em termos absolutos já nas décadas seguintes — começando pela China, que superaria a Alemanha e, depois, os EUA em tamanho de PIB.
Por fim, o artigo deixava clara uma visão estratégica: o futuro da economia global não estaria mais nas mãos exclusivas das economias desenvolvidas, mas passaria cada vez mais pelos BRICs. Essa provocação deu origem a uma série de debates, estudos complementares e, eventualmente, à articulação política que consolidou o BRICS como bloco diplomático em meados da década seguinte.
📌 Contexto & ideia central de BRICs
O’Neill cunhou o acrônimo BRIC (Brazil, Russia, India, China) para agrupar quatro economias emergentes com rápido crescimento, capazes de mudar o equilíbrio econômico global Reuters+14Goldman Sachs+14SpringerLink+14Wikipédia+2Goldman Sachs+2SpringerLink+2.
Em 2000, o BRIC representava cerca de 23,3% do PIB mundial considerando PPP, mas apenas 8% pelo critério do PIB nominal gspublishing.com+1Goldman Sachs+1.
🌱 Projeções para 2011
Estima-se aumento expressivo do peso desses países no PIB global:
De 8% para cerca de 14,2% (PIB nominal).
De 23,3% para quase 27% (PPP), com China como principal motor do crescimento SCIRP+9Wikipédia+9Wikipédia+9gspublishing.com.
Cenários modelados mostram os BRICs ultrapassando várias potências da G7 — começando pela China ultrapassando economias como Itália e Canadá SpringerLink+2gspublishing.com+2Goldman Sachs+2.
🌎 Implicações para a governança global
Diante dessa ascensão, O’Neill defende reformular fóruns econômicos, substituindo membros “menores” da G7 (como Itália, Canadá) por membros do BRIC — sugerindo formação de uma G8/9 mais representativa bricsipedia.ch+11Goldman Sachs+11Wikipédia+11.
A lógica é que o impacto da política monetária e fiscal desses países — especialmente da China — será comparável ou superior ao de muitas economias do G7, exigindo inclusão na tomada de decisões globais gspublishing.com.
📈 Dados e análise
Tabelas detalhadas com PIB nominal e por PPP, participação no comércio, projeções de crescimento e inflação, mostrando mudança estrutural na economia global .
Destaca-se que a PPP oferece visão mais fiel da influência real da China e Índia do que o PIB nominal, justificando uma reavaliação da governança econômica global .
🎯 Conclusão estratégica
BRIC não era uma aliança formal, mas um conjunto de países com crescimento robusto, grande população e potencial de impacto global Wikipedia+2Wikipédia+2Wikipédia+2.
A mensagem era clara: essas potências emergentes não podem mais ser ignoradas em fóruns onde se definem recursos, políticas e o rumo da economia global.
💡 Visão anticorrente (tom questionador e visionário)
PPP vs. Nominal: O’Neill aposta pesado no PPP — mas será que isso “paga as contas” no nível real de comércio, finanças e influência monetária? Ou é ilusão estatística?
Fóruns elitistas: Mudar a G7 em G8 não resolve se não houver parceria estratégica real entre os BRICs — ao invés de reuniões simbólicas Reuters+1Goldman Sachs+1.
Epicentro China: A ascensão da China era inevitável; o desafio era e é chamar Índia, Brasil e Rússia para nível de co-protagonistas, mas… sempre falta comunhão estratégica.
Visão 2050: Logo viria “Dreaming with BRICs (2003)”, apostando ainda mais alto — mas a execução tarda, e os dados mostram progresso heterogêneo entre os BRICs.



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